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Foto: Susumu Nagao

* Artigo publicado originalmente nas páginas da GRACIEMAG #238. Para mais conteúdos exclusivos com o melhor do Jiu-Jitsu mundial, assine a revista mais tradicional do esporte em formato digital *

Pela sua experiência nos treinos de Jiu-Jitsu, você já deve ter percebido que a arte da luta não se resume a atacar. “O segredo é bater sem apanhar”, resumem os mestres catedráticos da nossa arte marcial, uma estratégia extremamente simples, mas que, na prática, requer muita perícia e sangue-frio. Há ainda quem subverta essa lógica e entre no ringue com a expectativa de que até dá para apanhar, desde que não seja nada muito contundente. O adversário bate, bate, e bate mais um pouco, mas não encaixa nenhum golpe que efetivamente desestabilize o oponente. Este começa a sobressair à base de ótimo preparo físico e capacidade de resistência. E assim o atleta que ataca vai se frustrando, até que num determinado momento da batalha se vê exaurido. Pronto. É aí que vem o castigo.

Em seu auge, Kazushi Sakuraba costumava utilizar essa última estratégia com alta frequência. Quem não se lembra do histórico combate contra Royce Gracie, em 2000, vencido por Sak após 1h30m de luta? Royce passou mal por conta do desgaste físico e seu córner se viu obrigado a jogar a toalha. A resistência do ídolo japonês, no entanto, pouco “encaixou” com o estilo de strikers violentos, como Wanderlei Silva, Igor Vovchanchyn, Mirko Cro Cop… Em muitas derrotas, Sak até resistia, queria continuar, mas, ao ser avaliado pelo médico do Pride no intervalo dos assaltos, era obrigado a desistir. Foi o que aconteceu na luta contra Ricardo Arona, em 2005. Sak até administrou relativamente bem a peleja no primeiro round. Sofreu alguns golpes, mas nada que o avariasse além da conta. Até que, no segundo assalto, encontrou-se nesta perigosa posição.

Sentado, com o corpo dobrado (o que dificulta a respiração), imobilizado pelo domínio de braços do tipo cinto de segurança, sofrendo a pressão do sprawl de Arona e o impacto de tenebrosas joelhadas. Um verdadeiro massacre. O round acabou e, quando as câmeras registraram o rosto de Sak, o público local que assistia à cena pelo telão ficou espantado. O córner de Sakuraba jogou a toalha sinalizando a desistência. Havia uma outra toalha, no entanto. Esta escondeu piedosamente a face machucada do lutador enquanto ele rumava para o vestiário e, logo depois, para o hospital.

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